6/11/2015 - São Roque - SP
da assessoria de imprensa da Prefeitura de Mairinque
Nem mesmo a chuva persistente que caiu durante todo dia foi o suficiente para desanimar o público que compareceu na tradicional Cerimônia das Velas, realizada na noite de 1º de novembro no Cemitério Municipal de Mairinque, evento que faz parte do calendário oficial de eventos do município. Os organizados calculam que mais de mil pessoas assistiram a cerimônia no domingo.
Em sua 18ª edição de criação, a festa chegou a sua maioridade mostrando que tradição e fé caminham juntas e que milhares de velas acesas por todo cemitério proporcionam um espetáculo de luz e belas imagens, uma forma justa de homenagear os entes queridos que já partiram.
A cerimônia deste ano teve a apresentação de quatro atos religiosos e um quinto ato de tema livre, mas manteve as tradições e o mesmo brilho que encantou mairinquenses e visitantes de municípios vizinhos, em uma cerimônia única em toda a região.
Às 19h milhares de velas espalhadas por todo cemitério foram acesas por voluntários e público presente. Minutos depois, uma forte chuva caiu e apagou boa parte das chamas, mas não o suficiente para ofuscar o brilho das velas que insistiram em se manter acesas.
Às 20h, o padre Alexandre Augusto Siles celebrou uma missa no local. Em seguida aconteceu o primeiro ato na capela Nossa Senhora do Carmo com a visualização da imagem da santa, em meio ao jogo de luzes e fogos de artifício. O segundo ato foi realizado na Capela São Benedito onde também foi vislumbrada a imagem do santo em meio às luzes dos fogos e das velas.
O terceiro e quarto atos foram respectivamente a descida do manto e assim o surgimento das imagens de Nossa Senhora Aparecida e Jesus Cristo. A última etapa foi marcada pela queima de fogos de artifício disparados do local, ao lado da Capela São Benedito. A festa foi finalizada com o sétimo ato de tema livre, uma grande queima de fogos, que durou aproximadamente dez minutos e iluminou o cemitério.
“Apesar de toda água que cai estou tranquilo, pois chuva é vontade divina e se uma vela apenas permanecer acesa já estou realizado, pois fizemos nossa parte”, afirmou o coordenador do evento e administrador do cemitério Edmundo de Souza Figueiredo.
“Estou muito feliz com o resultado, pude ver a alegria na reação das pessoas e a beleza dessa cerimônia e assim agradeço a colaboração de todos que ajudaram para a realização desse evento”, finalizou o coordenador.
Como tudo começou
Edmundo conta que em 1997, às vésperas do Dia de Finados, ao ir embora do cemitério depois de preparar o local para a missa de Finados, percebeu que havia algumas velas acesas no local e que essa luz deixava o cemitério calmo e bonito. “Eu queria dar vida ao cemitério e desmistificar que o local é um lugar que dá medo e tristeza. Aí tive a ideia de fazer essa cerimônia”, explica o coordenador. Então, desde 1998, o evento é realizado todos os anos, no dia 1º de novembro, sempre nos mesmos moldes, velas acesas em todas as ruas do cemitério, missa, fogos de artifício e luzes.
Túmulos mais visitados
As duas sepulturas mais visitadas do cemitério são do saudoso e muito conhecido Joaquinlão e da menina Maria de Lourdes. Joaquim de Oliveira, o Joaquinlão, foi um personagem folclórico na cidade. Algumas das pessoas que o conheceram contam que, com sete anos de idade, levou uma surra do seu padrasto e acabou ficando com problemas mentais.
Tornou-se o fogueteiro da cidade e participava de todas as cerimônias religiosas. Joaquinlão era negro e alto, tinha o costume de repetir em voz alta o nome de várias cidades do mundo, exceto Boston e Chicago, que dizia que eram nomes feios. Joaquim morreu em 1979 aos 77 anos, vítima de insuficiência respiratória.
A menina Maria de Lourdes Rêgo morreu queimada em 1951, aos oito anos. Enquanto sua mãe lavava roupas, ela foi esquentar a mamadeira para um dos seus irmãos no fogão e a lenha e acabou ateando fogo à própria roupa. O túmulo dela recebe cerca de 600 visitas por ano e muitas pessoas deixam bonecas e brinquedos no local em agradecimento pelas graças alcançadas por sua intercessão.